21 de setembro de 2009

Os 50 Anos de Erasmo Carlos

Quando surgiu ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa no programa de televisão "Jovem Guarda", Erasmo Carlos (ou o Tremendão, como era conhecido) já tinha passado por poucas e boas na sua carreira. Ainda adolescente, na Rua do Matoso, no bairro carioca da Tijuca, Erasmo Esteves já havia travado contato com Tim Maia e Jorge Ben. Mas foi quando conheceu Roberto Carlos, que Erasmo passou a ter certeza do que gostaria de fazer.

Nesse período, formou a banda Snakes e, ao mesmo tempo, tocava com Roberto e Tim Maia. Em seguida, o Tremendão foi convidado para ser "crooner" do conjunto Renato e Seus Blue Caps. E, nesse momento, aconteceu a grande reviravolta de sua carreira. A banda foi convidada para acompanhar Roberto Carlos na gravação de "Splish Splash".

A música explodiu e Roberto foi com a cara de Erasmo. Conforme explica o pesquisador musical Marcelo Fróes, em seu livro "Jovem Guarda: Em Ritmo de Aventura", Erasmo Esteves passou a assinar Erasmo Carlos, sob sugestão de Carlos Imperial. Erasmo foi contratado pela gravadora RGE em 1964, e gravou um compacto ao lado de Renato e Seus Blue Caps.

Mas foi no ano seguinte, com a gravação do compacto com a música "Minha Fama de Mau", que Erasmo se credenciou a gravar um álbum completo. E é exatamente com esse álbum que a nossa Cesta Básica desse mês começa.

Os 4+ :

"A Pescaria" (1965) - A estreia oficial de Erasmo Carlos não poderia ter sido melhor. Logo no seu primeiro álbum, "A Pescaria", o Tremendão já mostrava que não ficava atrás de seu parceiro Roberto Carlos. Vários sucessos da Jovem Guarda estão presentes no disco, como "Minha Fama de Mau", "Terror dos Namorados" e, principalmente, "Festa de Arromba", todas elas em parceria com Roberto. Esta última foi emblemática para a Jovem Guarda, com a citação de mais de duas dezenas de nomes que fizeram o sucesso do gênero musical (ou movimento, segundo alguns pesquisadores).

Além das parcerias com Roberto, em "A Pescaria", Erasmo ainda compôs com Renato Barros ("Beatlemania"), e gravou canções de Francisco Lara ("Alguém Que Procuro"), José Messias ("Sem o Teu Carinho"), Getúlio Cortes ("Tom & Jerry") e Chuck Berry ("School Day", que ganhou uma versão do Tremendão intitulada "Dia de Escola").

Depois do lançamento desse álbum, não houve mais jeito, Erasmo foi convidado para apresentar o programa "Jovem Guarda" ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa, na TV Record. Após o lançamento de "A Pescaria", Erasmo gravou mais cinco álbuns pela RGE. "Você Me Acende" (1966), "O Tremendão" (1967), "Erasmo Carlos" (1967), "Erasmo Carlos" (1968) e "Erasmo Carlos e Os Tremendões" (1970) traziam sucessos como "Gatinha Manhosa", "Vem Quente Que Eu Estou Fervendo", "O Caderninho", "Sentado à Beira do Caminho" e "Vou Ficar Nu Pra Chamar a Sua Atenção".

"Carlos, Erasmo" (1971) - Com "Erasmo Carlos e Os Tremendões" (1970), último álbum do cantor pela RGE, Erasmo começava a traçar um caminho mais distanciado do rock, e próximo da MPB tradicional. O grande sucesso "Sentado à Beira do Caminho", além do samba "Coqueiro Verde" e as regravações de "Saudosismo" (Caetano Veloso) e "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso) foram os maiores exemplos disso. Após o lançamento desse disco, convidado por André Midani e Nelson Motta, Erasmo Carlos assinou contrato com a Philips.

Na gravadora, o cantor encontrou plena liberdade para gravar o álbum que quisesse. E assim foi feito. Bem distante do mundo da Jovem Guarda, Erasmo Carlos mergulhou fundo na música brasileira, gravando composições de Caetano Veloso ("De Noite, Na Cama"), Taiguara ("Dois Animais Na Selva Suja da Rua"), Jorge Ben ("Agora, Ninguém Chora Mais") e Marcos e Paulo Sérgio Valle ("26 Anos de Vida Normal"). Logicamente, havia também composições ao lado do fiel parceiro Roberto Carlos, como "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", "Sodoma e Gomorra", "Mundo Deserto", "Maria Joana" e "Gente Aberta". Esta última, inclusive, foi adotada como uma espécie de "hino hippie" pela equipe do tablóide "O Pasquim", o que ajudou muito a divulgar "Carlos, Erasmo".

Aliás, o álbum podia ser considerado um trabalho "hippie" em todos os sentidos. A verdade é que com o final da Jovem Guarda, Erasmo passou por uma fase "hippie", o que acaba transparecendo no disco. Ou como definiu o próprio Erasmo, o álbum era "uma viagem em todos os sentidos".

"Mulher (Sexo Frágil)" (1981) - Após o lançamento de "Carlos, Erasmo", o compositor carioca continuou gravando álbuns embalados na mesma temática "hippie". "Sonhos e Memórias 1941/1972" (1972), "1990 - Projeto Salva Terra!" (de 1974, com os clássicos "Sou Uma Criança, Não Entendo Nada" e "Cachaça Mecânica") e "Banda dos Contentes" (de 1976, com "Filho Único" e "Queremos Saber", faixa de Gilberto Gil, até então inédita).

Nos álbuns seguintes, Erasmo Carlos iniciou uma fase que pode ser chamada de "mais adulta", voltada para uma mistura de MPB tradicional e rock. Os discos "Pelas Esquinas de Ipanema" (1978) e "Erasmo Carlos Convida..." (lançado em 1980, e repleto de participações especiais dos grandes medalhões da MPB) representam bem essa fase, que encontrou o seu auge com "Mulher (Sexo Frágil)", que chegou às lojas em agosto de 1981.

Com esse álbum, Erasmo, de fato, estava mais adulto, e isso já pode ser visto na capa, que traz uma linda foto de Erasmo mamando no peito de sua esposa Nara. Em depoimento a Marcelo Fróes, Erasmo Carlos disse que "Mulher" "marca o auge de minha realização como artista e como homem, o meu esplendor como ser humano". O álbum, um dos melhores lançados no Brasil nos anos 80, trouxe grandes hits, como a faixa-título (escrita ao lado de sua esposa), "Minha Superstar", "Pega na Mentira" e uma regravação do velho sucesso "Gatinha Manhosa".

"Pra Falar De Amor" (2001) - Com o término de seu contrato com a Philips, em 1988, Erasmo Carlos passou por uma década de 90 bem difícil. Foram apenas dois álbuns nesses dez anos. "Homem de Rua" foi lançado pela Sony em 1992, e continha a participação especial de Renato Russo na faixa "A Carta". Quatro anos depois, de volta à Polygram (antiga Philips), Erasmo Carlos gravou "É Preciso Saber Viver", composto por velhos sucessos reagravados. Para compensar o ostracismo dos anos 90, Erasmo Carlos precisava voltar com força total para mostrar que "ainda existia".

E o retorno se deu através de "Pra Falar de Amor", CD lançado pela Abril Music, com a produção de Marcelo Sussekind. No álbum, Erasmo encontrou o caminho perdido no final dos anos 80, com uma ótima safra de novas canções, como "Seu Bicho de Estimação", "Quem Vai Ficar No Gol?" e "A Família", todas compostas exclusivamente por Erasmo. Se no álbum não havia muitas canções escritas com Roberto Carlos (a única era "Qualquer Jeito", versão em português de "It Should Have Been Easy", de Bob McDill), Erasmo aproveitou para dividir o lápis e o papel com outros compositores, como Marisa Monte e Carlinhos Brown ("Mais Um Na Multidão", com direito a voz da cantora) e José Lourenço ("Ela Conversava Com o Olhar").

Outros artistas compuseram canções exclusivas para o álbum de Erasmo, o que ajudou a remodelar e atualizar o seu som. Nesse time entraram Kiko Zambianchi (com a ótima "O Impossível"), a dupla Cláudio Rabello e Dalto ("Fecha a Porta") e o seu então colega de gravadora Marcelo Camelo que contribuiu com a bela faixa-título do álbum. Após "Pra Falar de Amor", Erasmo gravou um CD duplo ao vivo, e manteve o nível nos ótimos "Santa Música" (2004), "Erasmo Convida - Volume II" (2007) e "Rock 'n' Roll" (2009).

- Matéria Original: "Cesta Básica: Os Principais discos de Erasmo Carlos

3 comentários:

  1. LINDIMARIO DIAS CUNHA19 de maio de 2010 às 15:42

    E BOM TER UM AMIGO, DE FE E IRMAO CAMARADA. DEUS OS ABENCOE GRANDISSISSIMAMENTE.

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  2. ERASMO ARTISTA. ENORME SER HUMANO TODOS OS AMA COM CERTEZA DEUS TAMBÉM

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