3 de junho de 2007

3ª Parte - RC conhece seu amigo de Fé...


ERASMO ENTRA EM CENA


Em 1958, com 17 anos conheceu seu grande e eterno amigo Erasmo Carlos. Como Roberto, Erasmo era um menino pobre. Sua mãe era inspetora escolar e ambos tinham a música como sonho.

Antes de conhecer Roberto, Erasmo já havia trabalhado como office-boy, vendedor de peças de lingerie, recepcionista, auxiliar de escritório e porteiro. Meio turrão, Erasmo quase não parava em emprego nenhum, sempre brigava com o chefe. O primeiro encontro dos dois deu-se porque Roberto precisava da letra de um grande sucesso de Elvis Presley (Tutty Frutty) e foi informado que Erasmo Carlos era um grande colecionador dos discos de Elvis, quando então o procurou. Deu-se início a maior amizade entre duas pessoas que já se ouviu falar até hoje.

A amizade dos dois estendia-se aos encontros com a turma no Divino Bar, no Estácio. Neste bar, na rua Haddock Lobo, entre a Rua do Matoso e Rua Barão de Ubá, ponto de encontro da turma, se reuniam para falar de música, futebol e de mulher, Roberto, Erasmo, Tim Maia, Jorge Ben Jor e Dedé, baterista do Rei e seu amigo até hoje.

Nesta época, Dedé era secretário do Rei e encarregado de conduzir a guitarra e o amplificador de 8 Watts (Que potência, Bicho!).

O PRIMEIRO TRABALHO ARTÍSTICO:
Uma fotonovela

A revista Sétimo Céu apresenta uma fotonovela com o título "Assim quis o destino" trazendo um personagem desconhecido do público: Roberto Carlos. Era o ingresso do Rei no mundo artístico, tornando-o uma pessoa conhecida do público. Esta revista hoje é peça rara na mão dos colecionadores do acervo do Rei.

A FEBRE DA TELEVISÃO

Roberto seguia sua vida trabalhando como datilógrafo no Ministério da Fazenda e fazendo pequenos shows em festinhas, batizados e aniversários com o conjunto The Sputniks. Os ensaios do conjunto eram feitos, ora na casa de um, ora na casa de outro. Surgiram então na televisão, alguns programas de música quente, pois na época o ritmo chamado iê-iê-iê começava a chegar ao Brasil e tomava conta da juventude. Roberto e seus amigos sentiram-se atraídos pela TV e tanto fizeram, que acabaram conseguindo a chance de participar de um programa no Canal 13.

CARLOS IMPERIAL

Na mesma época, Carlos Imperial, também natural de Cachoeiro do Itapemirim, apresentava um programa de música jovem, no horário vespertino, na TV Tupi. O fato de Roberto ser seu conterrâneo, fez com que houvesse uma aproximação cordial entre os dois. Assim Imperial deu ordem à seu secretário Wilson Simonal, que programasse os garotos do The Sputniks de vez em quando. Isto para os estudantes foi motivo para muitas comemorações.

O FIM DOS SPUTNIKS

A coisa caminhava da melhor maneira e The Sputniks passava a ser um conjunto badalado quando, Tim Maia, meio sem jeito, avisou a Roberto que iria sair do grupo. Resolvera tentar a sorte nos Estados Unidos e teria que aproveitar a chance. No primeiro instante, após a dissolução do conjunto, Roberto chegou a pensar que seria o fim de tudo, entretando, incentivado pela família e por alguns amigos mais chegados, não desanimou. Continuou freqüentando o meio artístico e resolveu tentar a sorte sozinho.

O PRIMEIRO DISCO

E aí veio o primeiro disco. Era agosto de 1959. Roberto continuou mantendo contato com Imperial e por interferência deste, foi levado e apresentado ao veterano Joel de Almeida, diretor artístico da Polydor, que mantinha uma certa rivalidade com Aloysio de Oliveira, lançador de João Gilberto, grande sucesso da bossa nova na época. Joel viu em Roberto, pelo seu jeito semelhante de cantar, a possibilidade de fazer igual sucesso. Roberto então gravou um compacto de 78 RPM que tinha de um lado "João e Maria" e do outro "Fora do Tom", ambas canções compostas por Carlos Imperial. Apesar de todos os esforços de Roberto Carlos, percorrendo todos os programas de auditório para divulgar seu trabalho (a primeira cópia deste disco, como não poderia deixar de ser, foi dada de presente para sua mãe), o disco não obteve sucesso e Joel de Almeida desistiu de fazer novas gravações com o rapaz.

SURGE O THE SNAKES

Aconteceu então a vinda de Bill Halley and The Cometas ao Rio. Roberto foi convidado a participar da primeira parte do show do "Papa do Rock". Curioso é que cantou "Round Dog" cuja letra foi aprendida rapidamente com Erasmo Carlos. Os dois conversaram muito depois do show e decidiram formar um novo conjunto: The Snakes com Arlênio e Edson Trindade.

O PRIMEIRO EMPREGO

Sempre batalhando um lugar ao sol, percorrendo rádio por rádio, Roberto conseguiu através de um primo seu que era gerente do Hotel Plaza, se empregar como crooner da Boate Plaza. Esta foi a sua estréia como cantor num palco e sua primeira remuneração fixa como artista.

JAIR DE TRAUMATURGO

Nesta época, Roberto conheceu Jair de Traumaturgo da Rádio Nacional que se tornou seu grande incentivador, ajudando-o inclusive em ensaios ao microfone. Jair também ensinou a Roberto o lado técnico das gravações, orientando inclusive sua postura no palco. É de Jair a criação do peculiar gesto do Rei usado até hoje de apontar o indicador com o corpo curvado e a cabeça abaixada ao anunciar a entrada de outro artista.

AINDA UM DESCONHECIDO

Numa foto da Revista do Rock, Cleyde Alves e George Freedman eram citados nos créditos da foto acompanhados de um "amigo". Este amigo não teve o nome citado. Era o Rei.

Amanhã você irá acompanhar como foi o segundo disco do Rei e seu primeiro LP - Porque ele é conhecido como o Rei das canções brasileiras?

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