Daqui a dois meses chega às lojas o álbum "Reimixed", com recriações eletrônicas de 14 músicas de Roberto Carlos.
O lançamento oficial será em São Paulo, na "Festa de arromba - Emoções na pista", ocasião em que DJsapresentarão seus remixes entre desfiles de moda, projeções de VJs e uma exposição de artistas plásticos que irão remixar os fatos mais importantes da jornada do Rei.
De acordo com Felipe Venâncio, DJ com 27 anos de experiência e produtor artístico de "Reimixed", a ideia do disco de remixes existe há mais de 10 anos, uma época em que havia "um certo deslumbre com o poder subversivo da música eletrônica". Do projeto inicial, apenas duas faixas foram lançadas, como bônus do disco de Roberto Carlos de 2002: o "super club mix 2002", do DJ Memê para "Se você pensa" e o remix do DJ dedrum n’bass Xerxes, para "O calhambeque".
O próprio Venâncio tem um remix, para "O portão", que ele começou a executar em festas noturnas, entre os que não chegaram ao disco. O sucesso inesperado da faixa acabou ajudando a estreitar as relações entre o DJ e a DC Set Produções, de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos.
Há alguns meses, quando estava discotecando no cruzeiro "Emoções em alto mar", Felipe foi apresentado por Dody ao Rei como "o DJ que fez o remix de "O portão".
- Tenho percebido nos últimos anos como essas músicas vêm fazendo sucesso nas pistas - conta Dody Sirena, para quem "Roberto Carlos cada vez demonstra mais que está à frente do seu tempo. Por isso, entrou com entusiasmo nas ideias e nos projetos que vamos desenvolvendo juntos".
Depois que Roberto deu o sinal positivo para "Reimixed", Felipe listou cerca de 20 músicas e a submeteu ao crivo de cantor, que cortou algumas. Aí era a hora de buscar DJs "com visões mais musicais", divididos entre os criadores fundamentais, os pioneiros dos seus estilos e a nova geração, todos dispostos a respeitar as gravações originais "na força que elas têm".
- Não dá para pegar "Jesus Cristo", com todo aquele seu peso natural, e redesenhá-la à moda de Ibiza - exemplifica Felipe. A ideia é vestir a voz dele com uma roupa nova, e não usá-la como instrumento de efeito. O Roberto está em primeiro lugar.
Alguns dos DJs procurados já confirmaram presença no "Reimixed". Um deles é o paulistano Marky, visto na Inglaterra como uma lenda do drum n’bass, que escolheu remixar "Além do horizonte".
- Gosto bastante da fase 1970 do Roberto, que é bem soul, bem funk, com arranjos fantásticos - dizMarky, já planejando o remix. Com certeza, vai ser drum n’bass, com uma pitada jazzística.
Fernando Deeplick, paulista, conhecido pelos remixes criados para Vanessa da Mata e Seu Jorge, escolheu "Eu te amo".
- Quero algo bem moderno e dançante, mas bem brasileiro, bom de ouvir - explicou.
"Todos estão surdos" foi a opção do DJ Malboro, referência histórica do funk carioca.
- É uma faixa que funcionou muito melhor na pista do que no rádio. Quero fazer algo bem soul, com uma parte mais pesada de R&B. Talvez depois faça uma versão funk-favela.
Por seu turno, o carioca Marcelinho da Lua, DJ do Bossacucanova, vai remixar "Cama e mesa".
- Ela tem um órgão num desenho jamaicano e um groove que pretendo fermentar na mixagem. Vou chegar a um jungle-canção rasteiro, para todo mundo cantar - promete.
O também carioca Memê, que criou o remix para "Se você pensa" em 1992, volta a trabalhar com uma música de Roberto, desta vez "Fera ferida".
- Fiz o primeiro remix dele, em 1992 ("Se você pensa"). Há muito tempo eu queria remixar "Fera ferida". Ela tem uma letra dramática e um refrão que é totalmente mãos-para-cima - conta o DJ.
O cabeça do projeto, Felipe Venâncio, obviamente, não podia ficar de fora de "Reimixed". Ele entra com "O portão", talvez em uma versão 2012.
Além dos DJs, alguns músicos estão sendo convidados para atuar nos remixes. Até agora, Kassin é o único nome confirmado. Um ou dois grandes DJs internacionais também devem participar da empreitada musical.
Muito feliz em poder concretizar o projeto, o presidente da Sony Music do Brasil, Alexandre Schiavo, acha que o "Reimixed" chega em um bom momento.
- É um projeto que vem para aproximar as diferentes parcelas que hoje compõem o público do Roberto - diz, acrescentando que, ao longo dos últimos anos, os projetos de catálogo envolvendo o cantor foram responsáveis pela venda de cerca de 5,5 milhões de discos.
Acho que Roberto Carlos agiu certo ao liberar o projeto. A fila anda, as coisas se modificam, principalmente nas artes, e mais ainda na música, e ele, com a experiência até aqui adquirida, não ia perder o bonde da renovação...